Brincadeira e linha

Julio Basle

Quando se pensa em atividades como bordado ou costura, logo vem à mente o artesanato, mas essas ações podem estar associadas a trabalhos de arte muito bem elaborados e repletos de conotações e caminhos para reflexão sobre a arte contemporânea, multifacetada na sua essência.

O artista visual argentino Julio Basle é um desses criadores que entende o trabalho com os mais diversos tipos de material como uma maneira de construir um percurso pleno de possibilidades para quem observa as suas pesquisas visuais. Essa trajetória tem como base o pensamento de que bordar e costurar são metáforas da vida rica em interpretações.

Basle mostra um animal, o tatu, e fluxos de percursos e de imagens que alegorizam o próprio andar da natureza, imersa em manifestações das mais variadas. Os atos de costurar e bordar, nesse sentido, podem ser entendidos como alegorias da existência e do viver como lutas perenes entre o que queremos e o que conseguimos fazer. O impacto visual está conectado justamente com essa percepção de que o mundo conhecido brota de um certo ludismo. O painel vivencial que conseguimos fazer é resultado de duas forças complementares: a relação que temos com o mundo e o diálogo que se estabelece com as próprias capacidades e limitações de cada um. Desse movimento, brota a arte.

Oscar D’Ambrosio é mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura.

Sonho dentro do sonho

73 x 71 cm, 2008/2021

Na rua

88 X 92 cm, 2017

Selk-Nam

45 X 103 cm, 2018

Romina I

40 X 68 CM, 2007

RominaII

65x72 cm, 2007

Quarentena

140 X 180 cm, 2020

Para não perder-me

91 X 95 cm, 2017

Cantiga

83 X 74 cm, 2018

Menina e Boneca

70 X 98 cm, 2018

detalhes